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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O MELHOR DE TODOS 01 / PRIMEIRO DIA DE AULA


                                                                                                            AUSTRIA
Segunda-feira 6h14min fevereiro de 2014


Toda manhã era a mesma coisa, as mesmas pessoas  e o mesmo tempo de sempre. Era como se eu vivesse o mesmo dia sempre, mas hoje ainda tinha um escape: Primeiro dia de aula. O adorável primeiro dia de aula. Era exato como todo o primeiro dia de aula era rotineira, mas pensando por um lado aliviante, ele era menos tortuoso que o resto do ano.

E do mesmo modo, como em todo primeiro dia de aula, Dory já estava no meu quarto, parada na porta, reclamando de como eu estava atrasada e o lanche estava na mesa esfriando. E a única coisa que se passava na minha cabeça enquanto ela reclama, era onde possa estar Alan.


- Onde deve estar Alan no primeiro dia de aula? – Coloquei delicadamente o gloss em cima da pia de mármore do banheiro. – Será que... – Me virei para Dory.


- De jeito nenhum Austria, ele não seria capaz disso. – Ela caminhou até mim e ajeitou meu vestido. – Agora já para mesa, o café da manhã já foi servido a mais de 15 minutos. – Ela caminhou para fora do quarto.


Os pensamentos começavam a fluir em minha cabeça fértil, e como Dory havia dito eu não poderia me deixar levar por minha cabeça mais miúda que um caroço de uva, mas sentia como se ele estivesse fazendo algo de errado. Me dava calafrios pensar em Alan. Ele sempre estava aqui no primeiro dia de aula. A falta dele me incomodava.


Ajeitei a renda do meu vestido incomodada. Renda sempre me dava coceiras, mas sempre fazer os gostos da minha madrasta estava numa das leis impostas por meu pai. Apesar dos dois estarem viajando Dory havia me obrigado a vestir.


Já na sala de refeições olhei a mesa farta de comida e um lugar a mais, de repende eu podia sentir minha esperança querendo aparecer.


- Pra que outro lugar a mesa Dory? – Sentei-me em meu lugar de sempre e forrei o guardanapo sobre meu colo. – Alguém em especial? – Me virei para olha-la.


- Seu pai. – Ela apontou para o mesmo se sentando na cadeira em minha frente. Engoli a seco assim que o vi e arrumei minha postura.


- Bom dia pai. – Coloquei as mãos sobre meu colo. – Achei que estaria viajando com Lola para Liverpool. – Cortei um pedaço de queijo. – Afinal, planejaram essa viajem o mês todo.


- Creio eu que não lhe dei o direito de questionar minhas decisões. – Arqueei a sobrancelha com sua resposta. Eu não entendia o motivo da grosseria. – Agora me passe o melado. – ele estendeu a mão me encarando.


Tomei a liberdade de levantar da cadeira com tudo e então joguei o guardanapo em cima da mesa. Apesar de saber que levaria bronca todos os meus pensamentos eram redirecionados a raiva e a vontade de socar o nariz de meu pai. E isso era errado. Muito errado.


- Ah, perdão vossa majestade. – Fiz uma reverencia debochada. – Talvez tenha esquecido a regra numero 36 do seu livro de ordens para a filha masoquista.


- Austria... – Dory disse tocando em meu braço tentando contornar a situação ao qual todos estavam no momento. – Ele é seu pai, não fale assim com ele. – Me virei a ela e ri irônica.


- Não me interessa, eu devo ser muito masoquista para viver nessa casa mesmo. – Ri e cruzei os braços esperando alguma reação do padrasto que se encontrava na minha frente. 


- Já pro quarto! – ele gritou se levantando da cadeira. – Anda! – Acabou por usar o dedo indicador como mapa para o caminho de volta a meu quarto.


- Sem preocupações general, só vou trocar essa roupa ridícula e vou direto para o internato que me enfiou. – Tirei a mão de Dory do meu braço e caminhei pisando forte até o inicio da escada. – Bom dia!


Assim que vi já estava em meu quarto batendo a porta com força, ou tentando quebra-la. Era fato que estava morando num quartel, mas meus deveres de filha eram não questionar nada pois eu morava de graça.


Ri para mim mesma ao me olhar no espelho. Eu realmente estava ridícula naquele vestido, tudo porque a querida Lola, mulher sem classe, vulgar, metida e que só sabia dar o golpe da barrica, queria brincar de boneca com alguém enquanto o machinho dela não era cagado direto para o ralo de Nikolaevich o colégio onde todos os doidos conviviam juntos. 

Ou os rejeitados como eu e esse menino que vai nascer com puro azar.


Caminhei até meu guarda-roupa respirando fundo e puxei as portas de correr para os lados. Todos os 5 uniformes lavados e já passados. Lá se tinha um arsenal de roupas para cada ocasião como: roupa para educação física, traje para usar no laboratório de química, natação, uniforme formal para as aulas, informal para passar o dia.


A Nikolaevich parecia mais uma escola que treinavam os alunos para a 3 guerra mundial. Não seria tão estranho se a escola não fosse Russa. É, a escola mais cara do país, onde os alunos são soldados de brinquedo onde eles obsedem os pais sobre toda circunstancia. Ainda bem que sempre gostei de ser a diferente da escola.


Depois de tanto tempo esperando o general sair de casa para trabalhar eu pude finalmente chegar na escola. O corredor cheio de pessoas se abraçando e novatos perdidos. A listagem de aulas colados no mural era o motivo do tumulto no corredor inteiro.


- Olha quem veio ao primeiro dia de aula. – Sorri ao ouvir sua voz atrás de mim. Me virei e notei um menino com o cabelo preto todo bagunçado e os olhos verdes parecendo cansados. – Quem diria, Austria usando o uniforme no primeiro dia de aula. – Senti seu olhar me olhando de cima a baixo.



- Não zoa. – Ri e dei um soco em seu braço o puxando para um abraço. – Era isso ou um vestido de renda metido a patricinha. – Me afastei dele o encarando. – Que saudades suas Jay, achei que nunca mais veria você novamente.


- Todos acharam, mas Alix me deu o ano de folga. – Ele pegou em minha mão a alisando. – Não diria o mesmo de você. Trinta e nove mensagens em apenas um final de semana. Diria muita carência. – Ele riu debochado tirando do bolso seu celular.


Ouvi o sinal tocar e meus olhos se fecharem. O corredor começou a ficar mais lotado por conta das pessoas procurando suas salas e professores passando pra lá e pra cá.


- Mais um ano então? – Jay me olhou esticando a mão para mim. – Sala de literatura? – Assenti e peguei em sua mão sorrindo passando meu braço por dentro do dele.


E novamente aqui estava eu, em mais uma aula do Hans sobre os famosos escritores russos e o masoquismo que existia sobre eles. Toda essa baboseira só me lembrava da briga com meu pai, e me fazia desligar-me da aula o tempo todo.


- É certo de que Austria sabe o sobrenome não é mesmo? – Me assustei com o professor em cima da minha carteira. – Então senhorita Ashlynn, poderia esclarecer a duvida da classe? – O ouvi limpar a garganta ao cruzar os braços.


- Mas sobre o que estávamos falando mesmo? - franzi a testa. Normalmente o Hans era mais liberal, esse ano seria bem tedioso ao que parece. – Me perdi. – sorri fraco para o professor sem graça.


- Manteuffel, Franz Manteuffel. – ouvi uma voz feminina do fundo da sala. Me virei para olhar de quem vinha a voz nova e avistei uma menina de cabelos pretos, olhos castanhos e uma postura tão definida quanto a rainha Elizabet.


Fiquei assustada com a semelhança que ocorria entre a gente. Ela era tão parecia comigo que poderia até achar que fosse minha irmã mais nova, ou velha. Não conseguia distinguir sua idade.


- Muito bem senhorita Brand, um ponto a mais para você. – O senhor Hans caminhava até a mesa da novata muito satisfeito. – Aluna nova suponho. – Ele parou a sua frente segurando sua caneta que nunca tirava da mão.


- Hailey Brand, como o senhor disse. – Ela sorriu de uma forma educada. Senti todas as minhas veias pulsarem de raiva. – Só quis responder a dúvida que a colega não soube responder. – Assim que ela terminou a frase senti minha boca abrir para protestar mas vi o olhar de Jay sobre mim e murchei na hora.


O sinal tocou e pude agradecer aos céus não ter que ouvir mais aquela linguaruda. Pude notar todos saindo e arrumei minhas coisas calmamente, esperando Jay terminar de guardar suas coisas.


- Aposto que não foi com a cara da novata. – Ele me encarou fechando o zíper de sua mochila. – É bem típico seu odiar as meninas bonitas da escola. – Assim que terminou de falar pude sentir sua provocação na voz.


- Não me diga que achou ela bonita. – Coloquei a mochila nas costas e cruzei os braços de frente a ele. O tempo de silencio que Jay tomou para responder me matou. – Não acredito Jay! – Dei um passo pra frente e acertei seu peito com um soco. – Aquela menina é sem sal.


- E bonita. – ele piscou para mim e então o empurrei até a porta de saída. – Vai com calma Morena, ela é a segunda bonita. – Ele se virou para mim pegando em meus braços. – Satisfeita?

Antes que pudece responder pude ver um menino esbarrar em Jay e os dois caírem com tudo. Era comum as pessoas esbarrarem nas outras naquela escola.

- Perdão, estava distraído. – O menino alto levantou estendendo o a mão para Jay. Pude notar seu cabelo levemente ondulado e seus olhos verdes tão claros. Arregalei os olhos assim que ele olhou para mim. – Bom dia. – Ele se virou e foi embora.


- Olá, terra chamando Austria. – Pisquei os olhos ao notar a mão de Jay passando em frente ao meu rosto. – Mulheres. – ele revirou os olhos. – Não vou perder o tempo livre com você babando no corredor então, vem. – Senti sendo puxada até a cantina pelo braço. 



                            Um Pouco mais tarde 09h15min 

Aula de educação física era uma tragédia, ainda mais com nosso professor de 23 anos. As atividades das meninas se resumiam em paquerar o professor. Por incrível que pareça as alunas novas nem davam bola para ele,mas as antigas ,como a Bethany, optavam pelo modo de paquera tão tradicional: short curto. 

- Todas as meninas aqui no centro do campo fazendo um circulo por favor. – Me levantei assim que ouvi o professor. – Sentem-se todas no gramado em circulo, vamos lá. – Ele caminhou até o centro do círculo e se sentou lá. 

Era bem obvio que todas vibraram quando sua bunda entrou em contato com o show, o que me fez revirar os olhos, afinal ele era nosso professor e não um cara para amassar nos corredores da escola. Aparentemente era a única que pensava assim.

- Vamos começar por esta novata aqui. – Ele aproximou seu dedo indicador a uma garota. Estiquei-me para ver quem era e revirei os olhos. Novamente era outro professor puxando o saco da nova aluna. Hans babou em cima dela, provavelmente será o mesmo com o professor de educação física. 

- Hailey. – ela sorriu – Mas já estudei aqui, não sou novata. – Me surpreendi com a resposta. E ela então virou o olhar e começou a me encarar sorrindo. 

- Que interessante, nunca havia visto você por aqui. – Ele cruzou os braços – Onde se escondia esse tempo todo então Hailey? – Pude notar a curiosidade na voz do professor. Aguardei ansiosamente pela resposta. 

- Aos 10 anos, mas sai. Morava com meu pai e estudei aqui uns 3 anos, mas logo após fui morar com minha mãe. – Ela pegou sua garrafa de água e tomou um gole a colocando no chão novamente. – Natan Ashlynn, o nome do meu pai. 

Senti todas as minhas pernas balearem e meus olhos se arregalarem. Eu não acreditava ter ouvido o nome de meu pai, era impossível. Dizia a mim mesma toda minha consciência. Ela não era minha Irmã, não poderia ser. Meu pai não esconderia isso de mim por tanto tempo.

- O quê? – Gritei espontaneamente me levantando e ficando de pé em frente à menina. – Tá querendo me zoar ou algo do tipo? – Puxei seu braço a fazendo levantar. Acabei esquecendo tudo que estava a minha volta. 




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